Cem Anos de Solidão, a obra-prima do colombiano Gabriel García Márquez, é um marco, um clássico da literatura latino-americana e mundial. Publicado em 1967, o livro narra a história da família Buendía ao longo de sete gerações na fictícia cidade de Macondo e é o ápice do realismo mágico, estilo literário nascido na América Latina que mescla elementos fantásticos com a realidade cotidiana de uma forma natural, fazendo com que esses elementos se tornem comuns. Além do próprio Gárcia Márquez, outros grandes autores, como o argentino Jorge Luis Borges e a chilena Isabel Allende, também são conhecidos por esse estilo.
Agora em dezembro, depois de muita expectativa, a Netflix lançou a primeira parte da série baseada no livro. Admito que eu estava bem desconfiado, achando que seria uma bomba, pois colocar em imagens a magia da obra de Gabo não parecia ser algo fácil. Mas, gostei bastante e, pelo que li, a crítica no geral também.
Uma das minhas preocupações era que justamente os elementos fantásticos, sobrenaturais, que na escrita são tratados de forma ordinária e que criam uma atmosfera incrível na leitura, parecessem bobos ou forçados na hora de serem transpostos para a TV. Isso não acontece.
Gabo não queria que sua obra fosse adaptada e não permitiu que isso acontecesse em vida. Mas passado anos de sua morte, seus familiares negociaram exigências para permitir que isso acontecesse. Entre elas, que a produção fosse colombiana e falada em espanhol. Deu certo.
A série é muito boa. Os efeitos especiais práticos dão o toque perfeito do realismo mágico. Gostei bastante também dos atores. Mas, para mim, parece faltar algo.
Lembro que ler Cem Anos de Solidão foi uma experiência marcante. A magia de Macondo, dos personagens, dos acontecimentos, flui de uma forma difícil de explicar. No início a leitura anda devagar, mas logo nos prende. A imaginação corre solta tentando visualizar os pequenos momentos mágicos. O livro termina e deixa um vazio, uma tristeza, querendo retornar àquele lugar especial.
Por isso, mesmo que a série seja muito boa, leia o livro primeiro. Deixe sua imaginação construir as cenas, os personagens, os locais. Depois veja a série. É uma experiência que vale a pena.